Microbiota intestinal e suas bactérias – elas nos fazem bem
Microbiota intestinal e suas bactérias – elas nos fazem bem
Você sabia que temos quase dez vezes mais células microbianas do que células humanas no nosso corpo? E estamos falando de quantidades imensas de micróbios (ou bactérias), cerca de 100 trilhões deles, que vivem no nosso intestino e em locais como pele, boca, estômago e olhos.
Eles formam a chamada microbiota (antes conhecida como flora intestinal) e têm no sistema digestivo a maior parte de sua colonização, particularmente, no intestino grosso, que oferece uma grande área para interações com o tecido humano.
A descoberta da existência dessas comunidades bacterianas data do século 17 e deve-se ao holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), mas foi nos últimos 30 anos que o interesse pelos microrganismos cresceu, originando um novo campo da microbiologia, dedicado a analisar a microbiota e os seres microscópicos que ali vivem.
Eles se alimentam da mesma comida que ingerimos, mas o papel deles no trato gastrointestinal vai muito além disso. “As bactérias que vivem dentro de nós não são invasores, mas colonizadores benéficos. O microbioma é essencial para o desenvolvimento humano, a imunidade e a nutrição”, afirma documento sobre o microbioma humano, publicado no The Center for Ecogenetics and Environmental Health, University of Washington (EUA).
As bactérias interagem com o seu hospedeiro de forma bastante complexa, estimulando o aumento daquelas benéficas e modulando os efeitos das que são potencialmente nocivas, e podem provocar doenças.
Diversos estudos têm analisado os aspectos que podem favorecer a harmonia da microbiota e, logo, a saúde do indivíduo. A ingestão de iogurtes e leites fermentados que contêm tipos ou cepas específicas de micro-organismos é um deles. O tipo bifidobacterium, por exemplo, tem benefícios comprovados à saúde, desde que ingerido regularmente e em quantidades adequadas e, por isso, é considerado um probiótico vivo.
Os resultados atingidos com a ingestão frequente de probióticos vivos são surpreendentes, pela ampla gama de benefícios que podem trazer ao corpo, nas mais diversas áreas, em especial, no processo digestório e no sistema imune, mas também relacionadas ao metabolismo, à prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e até a comportamentos de estresse e depressão e ao humor.
Cada um tem a sua (microbiota intestinal)
É como se fosse uma impressão digital, a microbiota varia de pessoa para pessoa e, além da dieta, depende de características como o estilo de vida, doenças, uso de medicamentos (principalmente antibióticos) e envelhecimento.
Cada um de nós tem uma composição e função única de microbiota, que é afetada pelo que comemos e, por sua vez, afeta nossa resposta aos alimentos. Esse ecossistema altamente diverso desempenha um papel fundamental em nossa fisiologia e saúde, ressalta texto sobre microbioma, nutrição e genética do Instituto Weizmann, de Israel. O artigo diz também que mudanças no microbioma induzidas por nossa nutrição e estilo de vida podem levar a inúmeras doenças, como obesidade, diabetes, doenças inflamatórias, doenças digestivas, distúrbios neurológicos e até mesmo câncer,
Já um outro artigo sobre o microbioma publicado no periódico Microbe, da Sociedade Americana para Microbiologia, relata que nossos microbiomas personalizados refletem nossas vidas. Algumas características são herdadas dos nossos genomas, da exposição a organismos específicos e, ainda, de escolhas pessoais, como dieta ou exposição ao ambiente.
Como ela se forma
A microbiota começa a se moldar antes mesmo do nascimento, na vida intrauterina, e depende de fatores como o tipo de parto, a microbiota da mãe e a amamentação. No desmame, ocorrem alterações no número e na diversidade da microbiota intestinal, que gradualmente passa a se parecer com a dos adultos.
Com aproximadamente três anos de vida a diversidade e complexidade da microbiota intestinal se estabelece, assemelhando-se à dos adultos. Mas a sua formação nos primeiros mil dias de vida é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança.
“Nos primeiros dois, três anos de vida, a microbiota intestinal de bebês torna-se rapidamente diversificada e rica. Mas interrupções na microbiota intestinal em evolução durante este período crítico de desenvolvimento podem afetar o desenvolvimento do cérebro”, afirma um estudo de 2018 realizado por pesquisadores de diversos institutos, entre os quais, University College Cork, Irlanda, University Medical Centre Groningen, na Holanda, e os centros de pesquisa Danone Nutricia de Singapura e da Holanda.
De fato, sabe-se que existe uma comunicação constante entre o cérebro e o intestino, o que tem sido alvo, inclusive, de inúmeras pesquisas. Sinais do cérebro podem provocar alterações no sistema digestivo (como aquele friozinho na barriga quando estamos nervosos) e o intestino, por sua vez, envia mensagens ao cérebro que podem afetar o comportamento e as emoções.
Evidências, portanto, não faltam, de que devemos cuidar bem da nossa microbiota e das bactérias ali presentes desde muito cedo. Afinal, se suas quantidades não são desprezíveis, seus benefícios (ou mesmo prejuízos à saúde), menos ainda.
Fontes
The Human Microbiome: Getting Personal
http://caporasolab.us/assets/pdf/califf-et-al-final.pdf
Targeting the gut microbiota to influence brain development and function in early life
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S014976341730670X?via%3Dihub
The Human Microbiome - The Center for Ecogenetics and Environmental Health, University of Washington
https://depts.washington.edu/ceeh/downloads/FF_Microbiome.pdf
Nutrition, Genetics, and Microbiome
https://genie.weizmann.ac.il/research.html
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